terça-feira, 4 de junho de 2013

O FIO.

Ai começou de novo essa porcaria. PORQUE? São como pequenos botões abotoando errado minha camisa diária. Sempre pula um botão e daí tudo se vai. Todo o conforto e a segurança de estar bem abotoado e impecável.

Foda-se os botões. Chega de coisinhas abotoadas.. que se abra tudo! Que tudo se vá com o vento e deu. Mostrando a pela nua e frágil, que se risca fácil se bate um vento mais forte. Quero que minha pele se risque inteira e abra caminhos no tempo. Quero furar o tempo, acordei com essa vontade. Furar o tempo porque o tempo que está em minhas mãos é afiado, agudo. Poderia perfurar todo o futuro a minha frente, rasgá-lo de fora a fora, como um tecido. Já fizestes isso? Rasgar a ponta de um tecido e depois separá-lo com força... o fio se vai sozinho, completamente sozinho, como em um trilho, como se desde sua feitura ele já soubesse o caminho, vai reto até o fim, até... separar as duas partes de si.

Acho que sou um tecido e sinto que alguém acabou de cortar um fiozinho meu. Só esperando essa força que dará o disparo para o fiozinho cumprir seu caminho, até me separar inteira de mim. E o que mais impressiona é que é um fiozinho ínfimo, quase que ninguém vê..E que carrega em si todo o potencial de caos, de me re significar inteira... Meu Deus! Mas que coisa... tanto trabalho me tecendo, detalhe por detalhe, ponto por ponto, buscando os melhores fios e arremates, buscando o arremate certo, a perfeita composição! ... E então vem alguém e puxa um milimetro dos meus fios...e estou a beira de me desfazer inteira.

Acho que eu mesma vou acabar puxando...

Pá!

Pequenas observações:

Se eu mesma puxar tudo estará dito e eu serei melhor do que agora. Eu serei livre deste fiozinho. Mas eu amo este fiozinho?


Acho que vou dar um nó.

Não sei.

Vou comer uma bergamota.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

VOLTEI

Vou voltar a escrever aqui. É. Isso é sinal que tem algo insustentável em minha vida de novo. Parece que este é o lugar das não sustentações.

Ha. Me canso das palavras mas sempre retorno a elas.  São como mães...sempre voltamos, feliz ou infelizmente. Fico aflita com as coisas em ciclos. Como se as nossas sensações fossem sempre as mesmas com outras formas. Cretinas! É possível sentir algo genuinamente NOVO? Será que essa busca dá em alguma coisa nova ou é vã? Acho que é vã. Se eu já sei porque perguntei?

Bem, voltei porque preciso registrar aqui meu desaparecimento. Minha energia está se dissipando no ar, saindo de mim, me deixando em mínimo, em silêncio, em branco. Estou ficando em branco. Ainda não estou, mas estou ficando.

Hoje me faltou o ar muitas vezes. Está cada vez mais recorrente. Sinais disso é que durmo com facilidade, e meus pesamentos já são tão leves que já me pergunto se são meus ou do mundo. Aos poucos, começo a me calar. Não por escolha, mas por erupção interna.

Quem está me levando? Não tem cara nem nome. Deve ter mas não vejo, minha vista também está desaparecendo. Quero ver até onde vai tudo isso... o que vai sobrar de mim, qual será a minha parte elementar... Meu coração, meus pensamentos ou meu corpo?

Uma vez sugaram tanto um bichinho que ele ficou só as orelhas. Orelhas no chão, um parzinho. Teve outro que ficou só o rabinho.

Será que alguém pode me emprestar um pouco de ar? Mas um ar que atravessa? Preciso que me atravessem e que fiquem. Essa coisa de me atravessar e se ir só piora meu estado.

Preciso me deitar. Antes, meus rosmaninhos.


terça-feira, 5 de julho de 2011

TARTE

Hoje não consigo escrever.
NAO DÁ, NAO QUERO...que BOSTA essa coisa.


então porque continuo escrevendo?
Porque as coisas sempre continuam mesmo quando não querem ser continuadas?

VOu parar! Mentira, não vou. Farei, aqui, um ESFORÇO DA COISA EM SI.

Começarei contando o que vejo daqui:

BEm, vejo coisas tortas. Terrivel e insuportavelmente tortas. ELas são tão tortas que tenho a leve impressão de que sou EU que estou torta e não as coisas. Quem vai saber?

Eu fico cansada as vezes de parecer ter meus olhos invertidos. No sentido que acabei de dizer, eu me refiro. Da maneria como as coisas me são vistas... Ninguem mais vê como eu vejo.

É só... Mas ao mesmo tempo não. Dificil de dizer...

´´Porque as pessoas não dizem exatamente o que têm no coração se sabem que não serão palavras ao vento``?

Assim perguntou Dostoievski... E assim me pergunto todo dia.

Eu acho que é porque as coisas estão tortas... Quem consegue achar o caminho até mim?
Eu consigo achar um caminho até alguém?




VOu parar.
Parei.

sábado, 25 de junho de 2011

Eu não consigo reter
assim como as ondas
minha própria forma.

.. .... .....

NE PAS MANGER.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um casal.

Roberto achava que nasceu divido, mas foi com a ajuda de uma gilete que decidiu separar-se. Foi nesse instante que viu que só um pedaço era ele, o resto todo era a Bete.

RoBeRtO: Bete?
BeTe: Que foi agora...
RoBeRtO: Preciso contar algo.
BeTe: Hum... (continua a comer pipocas doces)
RoBeRtO: estou de... paracutaco acomecido.

(pausa de espanto)

BeTe: Mas... Porque tudo isso? Eu avisei pra vc não laicar mais!
RoBeRtO: Avisou nada! A culpa é toda sua dessa situação terrível!!
BeTe: Pára! Tu vai fazer eu me engasgar com um piruá, seu...seu...Xonguano! Eu já sei de tudo já...Agora sim estou te entendendo!
RoBeRtO: O que? Tu está louca mulher! LOUCA!
BeTe: Tá fazendo essa cara de rogado né... Mas eu sei!!!
RoBeRtO: Sabe o que sua infeliz!
BeTe: Vc fica de sacadelas no quiriri!!
RoBeRtO: EU?! Claro que não! Que isso..eu aqui precisando da sua ajuda, estou nessa situação por sua causa, aliás..e vc me vem com...acusações!!!
BeTe: Venho sim sr!! Acapu tudo! ACAPUZOU-SE! Não quero mais saber..suma!
RoBeRtO: Não sumirei, cafuana nórdica!
BeTe: Odeio vc. Eu sendo sempre tão xipante...
RoBeRtO: Sendo o que?
BeTe: Xipante.
RoBeRtO: Que isso?
BeTe: Xipante? Sabe o que é? é uma pessoa xarel, que não é pachecal e não fica de rabioste por aí, como o sr!
RoBeRtO: vc que é uma xipedana...adora um xipene com xiavaítas soltas por aí!
BeTe: Pra mim já basta! Dê cá a gilete!
RoBeRtO: NÃO!
BeTe: Então que seja.

3 horas e 23 minutos depois...

RoBeRtO: Bete?... ... ... ... ... (pausa) BETE?
BeTe: O que foi?
RoBeRtO: Eu te amo.
BeTe: Tá. (pausa). Eu também.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

POTE

Era tarde da noite quando:

ALCIE: Mas que coisa não é?
ALFIE: O que...
ALCIE: Isso que falei.
ALFIE: Ahhhhh...Nao!
ALCIE: COmo assim, nao?
ALFIE: Não ué! Não e não e não!
ALCIE: Paspalho!
ALFIE: Eu ainda acho q você não deveria esconder as chaves no potinho em forma de bunda, só isso.
ALCIE: Mas só porque o potinho tem forma de bunda eu não posso usá-lo?! Ele é tão bonitinho!
ALFIE: O que os outros vão pensar quando entrarem aqui na sala e verem um potinho em forma de bunda? E ainda mais, ter que ver você enfiando a mão no potinho pra pegar as chaves.... É constrangedor!
ALCIE: Claro que não! É só um potinho, Alfie! (pausa de indignação) Já sei! Tu está com inveja porque a bunda do potinho é mais bonita que a sua!
ALFIE: Mas que absurdo! Aquilo é um mero porta chaves indecente! ... ... Eu gosto da minha bunda!
ALCIE: Ha! Sei.. ... Pois eu vo usar o meu potinho SIM SR! E vou abrir e fechar a porta mil vezes so pra usar o meu potinho... na frente dos convidados...E ainda vo explicar que ganhei de presente do titio... como um símbolo de boa sorte e prosperidade!
ALFIE: Isso é tudo besteira. Também não entendo porque toda data comemorativa vc tem que mostrar a bunda pra lua! Eu odeio isso.
ALCIE: Pra ter abundância! De dinheiro, saúde.. Amor... Você deveria mostrar a sua! Oras, que implicância com as bundas! São tão úteis e graciosas! Melhor que os símbolos fálicos.. Odeio eles porque são tão comerciais...Você já viu as formas dos desodorantes Dove?
ALFIE: (ascende um cigarro) Vi sim, Alcie... Não me venha com isso de novo...
ALCIE: Rabugento!.... Vou fazer minha sobrancelha.
ALFIE: Vá.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Digressão... O DESAMOR.

X: Por um breve momento eu páro. Olho pra fora e vejo nada. Olho pra dentro... ... Quanto pesa um ser? Quantos eu posso carregar?
Y: Quantos você puder perdoar.
X: Não sei o que é isso.
Y: Sabe o que é amor?
X: Sei o que é desamor!
Y: O que é isso?
X: É que tenho em uma caixinha... Poderia dizer que os coleciono... mas colecionamos o que gostamos, certo?
Y: Tu não gosta de desamores?
X: Não gosto nem desgosto. É o que me foi apresentado.
Y: Mas tu não respondeu o que é isso, afinal.
X: É o contrário de amor... Mas não é ódio não, é só...desamor.
Y: Não entendo. Então tu não acredita no amor?
X: Se eu acredito no desamor, logo tb acredito no amor! Só não o conheço... acho que não consigo sustentá-lo.
Y: Porque tu carregas esses seres? Tu os desama?
X: Eu carrego pq preciso. Não, ELES me desamam.(silêncio) Tu sabe o que significa a palavra CUIDAR?
Y: Tomar conta?
X: Uma vez alguém me mostrou um círculo e disse que aquilo era cuidado. O círculo em si, digo. Outro alguém disse que a definiçao da palavra era: deixar correr riscos.
Y: Interessante...mas o que tem a ver isso com o desamor?
X: Parece que ninguém corre riscos de verdade.
Y: Então ninguém cuida e é cuidado?
X: Quase isso... Eles tentam, mas não conseguem. é quase como um desamor.
Y: então desamor é não cuidar da pessoa?
X: Não sei definir desamor! É isso TAMBÉM... ... ... Não sei, estou confusa. Só sei que não amo, amei. Se me amam eu não sei, acho que não, porque não me cuidam. Eu desamo com frequencia.
Y: que coisa estranha.
X: Quer um amendoim?
Y: Sim.